SINCHRONIA

Acordei hoje, pensando no ontem. Não sonhei. Uma série de flashes da noite passada vieram com enorme força na minha cabeça, e por mais que eu sacudisse, eles não iam embora, como eu pudi cair nessa? Fui enganado feito pato.
Fechei meus olhos e deixei os pensamentos se dissolverem, e logo me dei conta do repentino inundamento das minhas idéias, abri os olhos assustado, e senti escorrer pelo meu rosto um fluido corporal, uma concentração de sais diluidos em água - pra que serve isso? - questionei-me. E quanto mais eu canalizava minhas memórias, mais aquela enchurrada toda decia, e ao me por de frente ao espelho, percebi soluços e contrações involuntarias da minha mandibula, estranhos sons eram emanados da minha boca, e meu rosto inchára, estava vermelho e manchado, meu nariz comessou a escorrer, mas aos poucos as lembranças foram sumindo.
Depois de recompor-me, notei que meus fantasmas haviam ido embora, e estava me sentindo bem melhor - canalizar a tristeza é bastante estranho - pensei.
E é mesmo, nunca vi um rosto contorcer-se tanto. Ri de mim mesmo, pra não chorar mais uma vez.